HASTA CUANDO

Sudamerica Hardcore

01:54

Entrevista

Fanzine Pirata entrevista a banda Hasta Cuándo


(Entrevista conduzida por Leylianne Souto)

PIRATA: O ¿Hasta Cuándo? existe há dois anos e meio. Como se deu sua formação e por que escolheram esse nome?
xPaulistinhax: A escolha da formação foi bem simples porque ninguém queria tocar comigo e com o Marco!!! Ele tinha me chamado para montar uma banda de thrash metal, pouco depois de eu ter me mudado de São Paulo pra Ipatinga. Conversamos com o xGodelax, que tocava guitarra na Funeral do Pecado (NoiseGrind) e ele aceitou. Até aí tínhamos um vocalista, um guitarrista e um baixista que nunca havia tocado baixo, heheh! Conversamos com o Sorem, que era vocalista de uma banda de New Metal de Ipatinga, e ele concordou em tocar bateria na banda!! É engraçado, mas foi assim que tudo começou!!! Estávamos em um evento político aqui em Ipatinga, e encontramos com o Giulliano. Os caras chamaram ele pra tocar guitarra na banda e ele aceitou também! Hoje a formação está reestruturada: Marco e Taroba (vocal), Rafael e eu (guitarra), Giulliano (baixo) e Robert (bateria). O nome da banda foi escolhido por acaso e, mais tarde, veio a se tornar um símbolo para nós, uma palavra representativa de um sentimento incontido de indignação social e política.


PIRATA: O "Entrefuego" é o primeiro álbum da banda, gravado em meados de 2005. Nesse álbum as letras são cantadas em castelhano, o encarte traz as letras e suas traduções, além de textos e algumas imagens, como a de trabalhadores no campo, a imagem de Martin Luther King, entre outras. A capa em tons de vermelho e pingos de tinta com a imagem de um menino e a contra-capa mostrando um "mapa-múndi" invertido, colocando os países do sul no norte e vice-versa... Enfim, nos fale sobre isso.
xPaulistinhax: A idéia principal deste albúm era a de mostrar os meios de resistência que permanecem na atual conjuntura. Utilizamos imagens de ocupações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra por serem um movimento social ativo, um dos únicos e senão o mais representativo no que diz respeito a contestação dos aparatos ideo-políticos vigentes. Martin Luther King foi um revolucionário, acima de tudo, negro. Negro em um período de apartheid social vivido nos Estados Unidos. Com métodos pacíficos, mostrou ao mundo que os negros estadunidenses deveriam obter os mesmos direitos constitucionais e humanos que os brancos.

Marco – Entrefuego foi um álbum que abriu muitas portas para nós. A partir dele ficamos bem conhecidos, não só em Minas, mas em outros estados brasileiros e até na gringa. A opção de escolher o idioma español vem da necessidade de comunicar a quase todos os latino-americanos que comungam os mesmo problemas e necessidades sociais. A idéia do mapa-múndi invertido é, na minha opinião, a parte mais foda do encarte. É uma negação às antigas projeções cartográficas eurocêntricas do século XVI. Os países periféricos sul encontram-se na parte superior assistindo o esfacelamento do mundo arrogante, dito moderno.


PIRATA: Quais bandas vocês podem citar como influências no som do ¿Hasta Cuándo? ?
xPaulistinhax: A banda é composta por seis músicos e cada um deles tem gostos musicais diferentes. Eu adoro João Gilberto, Edu Lobo, Roberto Menescal, Jeff Buckley, Count Basie, Devendra Banhart, Point of No Return, Life is a Lie, His Hero is Gone, Detestation, Lärm, Terveet Kädet, Neurosis, Catharsis, Traning for Utopia, Cannibal Corpse, Anti-Cimex, Day of the Dead, Soilwork, Julgamento, Carahter, etc. Mas, posso dizer que as principais influências no som do Hasta são Point of No Return, As I Lay Dying, xNueva Eticax, xMaroonx, Entrefuego e In Flames.

Marco – Esse lance de gosto musical é muito variado. Vou deixar algumas das bandas que curto no momento e que já curti a tempos atrás também: As I Lay Dying, Deeper Than That, Mostomalta, xNueva Eticax, Point of No Return, Killswitch Engage, Caliban, Children of Gaia, Haste the Day, Mortal Treason, Extol, Underoath, Legião Urbana, Sepultura, Brujeria, Enciende, Confronto, Iron Maiden, Slipknot, Van Halen, Seventh Avenue, Figure Four e por aí...
Mas tem outras tendências na banda. O Giu curte mais new metal, o Robert metalcore e new também, o Taroba é fascinado com música dos anos 80 (A-Ha, Radio Head, Tears for Fears por exemplo) e hardcore melódico (Street Bulldogs, NOFX e Penywise) e o Rafael é o mais metal da banda (adora Metallica, Sepultura, Black Label Society, Slipknot e etc).

PIRATA: Vocês tinham outras experiências musicais antes da banda ser formada?
xPaulistinhax: Eu estudei Violão Erudito no Conservatório Municipal de Guarulhos e toquei em uma banda de Black Metal, quando ainda morava em São Paulo. Quando me mudei para Minas, toquei em uma banda de Power Violence Grind Core, chamada Repugn'ância, junto com o Tiägo, que nos ajudou e nos ajuda bastante até hoje! Agora estou tocando com ele de novo, porém em uma banda de Sludge, bem arrastado.

Marco - Marco (vocalista e ex-percussionista da banda Newborn), Wallison “Paulistinha” (guitarrista, um dos fundadores da banda e que também já tocou na banda Ehxodium e Talita Cumi), Giulliano (guitarrista que veio da banda Tru3), Robert (baterista da banda Apocrist), Deivide “Taroba” (vocalista conhecido aqui no Vale do Aço, já fez parte das banda Trust e Operários) e Rafael (tocou nas bandas Metal Militia daqui de Ipatinga e também na Operários).

PIRATA: Como é esse lance da banda de possuir uma postura anti fins lucrativos e anti-rockstar?
xPaulistinhax: O lance de ser "anti-rockstar" é porque nós vemos que hoje as coisas já não são mais como eram antes no meio Hardcore! As bandas se preocupam somente com suas posturas de palco e com suas músicas, com suas crews, com seus visuais carregados de tatuagens e piercings...Se você não tiver tatuagem e piercing, esqueça, você não é um hardcoriano...Que merda de HC é esse que essas pessoas vivem e dizem defender? Nós não defendemos o Hardcore e nem mesmo levantamos a bandeira disto, só queremos manter o espírito revolucionário e contestador que sempre impulsionou o hardcore!


PIRATA: Quais ferramentas vocês utilizam para divulgação do som de vocês?
xPaulistinhax: As mesmas da maioria: Myspace, Fotolog e Site!

Marco – Internet e alguns flyers. Segue alguns endereços importantes:


PIRATA: Como surgiu a parceria da banda com o selo Alerta Records? Vocês pretendem dar continuidade a esta parceria?Marco – o Altair, dono do selo, é um grande amigo meu e da banda também. Conhecemos-nos em 1999 e fazemos parte da comunidade Grito de Alerta aqui em Ipatinga. A banda surgiu basicamente junto com o selo em 2004 e graças à nossa amizade as coisas começaram a desenrolar. A divulgação é muito boa e graças ao selo conseguimos tocar em grandes eventos como o Metanoia Fest em Vitória/ES. No próximo álbum (Necrópoles) a parceria deve continuar sim, nem seja em forma de divulgação e distribuição dos discos.

PIRATA: O Marco me contou que o ¿Hasta Cuándo? está em processo de gravação do segundo álbum que se chamará "Necrópoles" e que contará com uma gravação bem melhor do que a do primeiro álbum, o "Entrefuego". O que vocês podem nos adiantar sobre esse álbum? Como é esse negócio de "gravação bem melhor" (achei a gravação do “Entrefuego” muito boa)? 
xPaulistinhax: A gravação seguia em ritmo frenético até a saída de nosso baterista, Alex, que estava gravando a gente! Aí, entrou o Robert no lugar do Alex e tivemos que parar as gravações. Mas podemos adiantar que este novo álbum trará 11 faixas, e o som está bem mais agressivo do que o álbum anterior.


Marco – a primeira gravação não foi uma boa experiência para nós. Tivemos muitos problemas, talvez pela inexperiência com estúdio e amadurecimento musical na composição das músicas. Mas foi um momento válido para a história da banda, pois éramos muito empolgados e vivíamos intensamente o cotidiano da banda e os pensamentos radicais ferviam com mais intensidade em nossas cabeças. O Necrópoles será um álbum mais bem planejado em todos os sentidos. As baterias já estão todas gravadas. Em janeiro de 2007, reiniciaremos a gravação das cordas e das vozes e creio que no meio do ano já estaremos com o disco em mãos para distribuir. Tudo está sendo feito com o maior cuidado possível para ser algo bem audível.



PIRATA: Como anda a agenda da banda? Falem também sobre shows importantes que vocês já fizeram, a aceitação do público e quais os frutos que vocês estão colhendo dos trabalhos da banda. 
xPaulistinhax: Temos várias gigs marcadas e algumas a serem confirmadas como as de São Paulo e de Belo Horizonte. Com certeza absoluta, por parte de aceitação, a melhor gig foi o Metanóia de 2006, muito foda!!!! Agora, a melhor gig, pra mim, foi a de Iúna!!!! Cara, muito bom ver que aqueles caras manter vivo um hardcore de ação, e não somente de som, de música!!! Sem contar a receptividade dos caras!!!!! Posso dizer que alguns frutos que estamos colhendo são o reconhecimento e o respeito que estamos adquirindo!


Marco – 2007 promete muita coisa legal pra gente. Temos shows marcados para Nova Era/MG, Santa Rita de Minas/MG, Vitória/ES, Ipatinga/MG e Governador Valadares/MG. Uberlândia/MG e São Paulo/SP ainda precisa confirmar datas. Temos também um projeto de intercâmbio cultural com alguns amigos argentinos e, provavelmente, estaremos lá esse ano.

PIRATA: O ¿Hasta Cuándo? apóia vários movimentos populares, de defesa ao meio-ambiente e aos animais, etc... Como é a relação da banda com esses movimentos, já que vocês defendem a idéia “viver o que se prega”?
 xPaulistinhax: Eu estudo Serviço Social e tenho contato direto com movimentos de Habitação e de Inclusão Social e também à Políticas Sociais Públicas.

Marco – Bem, a minha ação na sociedade é muito mais pedagógica do que assistencialista. Eu acredito que a partir de uma restauração de valores, de uma intervenção pedagógica na sociedade, da criação de grupos de cooperação mútua partindo das bases, da ação direta dos indivíduos, do estímulo a movimentos sociais libertários que promovam igualdade em todas as esferas e da conscientização do povo (principalmente os menos favorecidos) e do boicote às instituições capitalistas opressoras a gente pode pelo menos atenuar os efeitos da desigualdade que nos aterroriza. Sei que a minha ação é limitada, mas faço o que posso.



PIRATA: Durante o tempo que vocês têm de banda vocês vivenciaram alguma situação curiosa ou engraçada? Já rolou de alguém endoidar o cabeção e não assimilar direito as idéias da banda, como, por exemplo, ouvir a banda pela primeira vez e destruir dvd’s de rodeio e não querer comer carne no dia seguinte, e ir participar de um movimento popular (risos)...?
 xPaulistinhax: (risos) Rolou algumas coisas mas quase todas relacionadas ao veganismo que eu e o Godela fazíamos parte, como da vez em que tocamos em um festival no Rio de Janeiro, e o Marco e o Giuliano disputaram no tapa os bifes meu e do xGodelax (risos). Ou da vez em que tocamos em um evento em Ipatinga e um cara jogou uma cadeira em cima do palco!!!!(risos) Ainda bem que pegou em um amigo nosso (risos)!!!!

PIRATA: Este fanzine agradece a vocês pela boa vontade de conceder esta entrevista. Desejamos ao ¿Hasta Cuándo? força e ânimo para permanecer na linha de frente da batalha por igualdade social, justiça e também desejamos que vocês continuem criativos, proporcionando às pessoas não só o bate-cabeça, mas também idéias sólidas e construtivas. Nosso muito obrigado! Se vocês quiserem falar algo mais, deixo o espaço pra vocês...Marco – Eu agradeço a todos do fanzine Pirata pela oportunidade de expor um pouco sobre a ¿Hasta Cuándo?. E dizer que estamos a disposição de vocês. A parceragem continua. Fuerza!!!!

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